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Quais são as doenças gastrointestinais mais comuns?

  Quem nunca sentiu uma dor de barriga, sensação de queimação ou ficou com o intestino desequilibrado? É claro que ter esses sintomas de vez em quando é bem normal, mas quando se tornam constantes, além de ser chato e desconfortável, podem indicar que você está com um problema um pouco maior. De acordo com um levantamento do Ministério da Saúde, só em 2018 foram 156.480 óbitos relacionados a doenças gastrointestinais, o que equivale a 11,9% de todas as mortes do ano.

O levantamento sustenta que as maiores taxas são relacionadas ao sexo masculino em razão do consumo de álcool historicamente ser mais observado entre homens do que mulheres.

Os cânceres digestivos foram a principal causa de óbito gastrointestinal, em 2018, quando comparado a 2010, atingindo ambos os sexos.

Hoje, vamos falar sobre as doenças gastrointestinais mais comuns para que você fique atento aos sinais e sintomas e saiba identificar quando é a hora de procurar um médico e investigar as causas que podem levar a eles.

Conheça seu corpo: o aparelho digestivo

O aparelho digestivo é composto pela boca, por um longo tubo (que compreende o esófago, estômago, intestino delgado e intestino grosso) e pelos órgãos anexos: fígado, vesícula biliar e pâncreas.

Em conjunto, esse sistema é responsável pela digestão e absorção dos alimentos que ingerimos, possibilitando que os nutrientes sejam transportados para as células do nosso corpo.

Doenças gastrointestinais mais comuns

Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

O refluxo gastroesofágico acontece quando o conteúdo do estômago passa para o esôfago. Isso pode ocorrer em pessoas saudáveis de vez em quando, mas quando os episódios de refluxo condicionam sintomas e/ou provocam lesões da parede esofágica, pode ser um sinal de que existe uma doença.

A DRGE acontece quando existe um desequilíbrio entre os fatores que agridem e os que protegem a mucosa, a camada mais interna da parede do esôfago.

Em uma pessoa saudável, após a deglutição, o esôfago contrai de forma sequencial para direcionar os alimentos até ao estômago. No final do esôfago existe um músculo circular, chamado esfíncter esofágico inferior, que relaxa para permitir a passagem dos alimentos para o estômago. Em seguida, esse músculo se fecha, evitando a passagem do conteúdo para o esôfago.

Quando existem anormalidades desses movimentos, defeitos na estrutura ou no funcionamento desse esfíncter, pode ocorrer a passagem de ácido para o esôfago, o que, ao longo do tempo, é responsável pela inflamação da mucosa.

A ocorrência e intensidade dos sintomas relacionados com o refluxo é variável de pessoa para pessoa e depende do número e duração dos episódios de refluxo.

- Hérnia de hiato;

- Obesidade;

- Gravidez ou tratamento com estrogênios;

- Tabagismo;

- Diabetes;

- Diminuição da saliva – a saliva tem um pH alcalino que ajuda a neutralizar e a limpar o ácido do esôfago, reduzindo a probabilidade de haver inflamação da mucosa provocada pelo ácido;

- Doenças do tecido conjuntivo e doenças que aumentem a secreção de ácido no estômago.

- Alguns alimentos como gordura, chocolate, pimenta, derivados do tomate, cafeína e álcool provocam relaxamento do esfíncter esofágico inferior, podendo contribuir para a ocorrência de refluxo.

Sintomas da DRGE:

Azia - sensação de queimação na região central do tórax que, por vezes, pode irradiar para o pescoço e boca e, na maioria das vezes, ocorre no período após a refeição.

Regurgitação - percepção na boca ou na garganta da presença de conteúdo gástrico refluído. Habitualmente, acontece a regurgitação de conteúdo ácido misturado com quantidades mínimas de comida não digerida.

Podem, também, surgir outras queixas como dor na parte central do tórax, dificuldade em engolir, dor ou sensação “nó” na garganta, produção de saliva em grande quantidade, tosse crônica ou rouquidão.

Hérnia de Hiato

O diafragma é um músculo que separa o tórax do abdómen. Esse músculo tem um pequeno orifício (hiato) que permite a passagem do esôfago para o estômago.

Habitualmente, o estômago encontra-se abaixo do diafragma. Quando existe um deslizamento da porção mais alta do estômago para o tórax através do hiato, acontece a hérnia de hiato.

Fatores de risco da Hérnia de Hiato

  • enfraquecimento do diafragma, que permite a passagem de parte do estômago pelo hiato;
  • um hiato muito largo de nascença;
  • traumatismo torácico ou abdominal;
  • pressão excessiva e mantida dos músculos adjacentes, que pode ser causada, por exemplo, pela tosse, espirros ou levantamento de pesos.

Além disso, a hérnia de hiato é mais comum em pessoas com mais de 60 anos e em pessoas com obesidade.

Sintomas da Hérnia de Hiato

Se for de pequenas dimensões, pode ser que a hérnia de hiato não apresente sintomas.

Em casos em que a condição é maior, pode alterar os mecanismos de proteção contra a passagem do ácido do estômago para o esôfago, causando sintomas de doença de refluxo gastroesofágico, como a queimação na região anterior do tórax.

Uma hérnia mais grave pode, ainda, causar dificuldade na passagem dos alimentos (disfagia).

Úlcera péptica

A úlcera péptica é uma ferida que ocorre na camada de revestimento interno do tubo digestivo superior, chamada mucosa e que pode estar localizada no estômago (úlcera gástrica) ou na primeira porção do intestino delgado (úlcera duodenal).

Fatores de risco da Úlcera Péptica

Na maioria dos casos, essa doença é causada pela infeção da bactéria Helicobacter pylori ou por medicamentos anti-inflamatórios ou anti-agregantes plaquetários.

Sintomas da Úlcera Péptica

A maioria das úlceras pépticas são assintomáticas, mas quando apresentam sintomas pode causar dor intensa no abdômen, que pode irradiar para as costas.

Essa dor é provocada pela própria ferida, em especial quando o ácido do estômago entra em contato com ela e acontece cerca de 2-5 horas após ingestão alimentar ou durante a noite, quando existe uma maior quantidade secreção ácida sem alimentos no estômago. A dor pode desaparecer e voltar a surgir após alguns dias ou meses.

Podem ainda surgir outras queixas relacionadas a distensão abdominal, sensação de estar “cheio” precocemente, náuseas ou vômitos, por vezes com sangue, fezes pretas e perda de peso.

Síndrome do Intestino Irritável

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é uma associação de sintomas que consistem em dor e distensão abdominal, constipação e diarreia frequentes. Como ela não provoca nenhuma alteração estrutural ou bioquímica do corpo, é considerada uma doença funcional.

A SII ainda não tem uma causa completamente esclarecida. Acredita-se que haja uma hipersensibilidade, responsável pelos sintomas, que pode ser agravada pela ingestão de certos alimentos. Ela também é relacionada a alterações neurológicas diretamente relacionadas ao intestino.

Ou seja, além da ingestão alguns de alimentos, os sintomas podem ser precedidos de alterações psicossomáticas, principalmente o estresse.

Fatores de risco da Síndrome do Intestino Irritável

Fatores de risco para o desenvolvimento de síndrome do intestino irritável incluem idade jovem, sexo feminino, histórico familiar e perturbações psiquiátricas.

Sintomas da Síndrome do Intestino Irritável
Os sintomas podem continuar por meses, o que interfere diretamente na qualidade de vida.

- Dor ou desconforto abdominais recorrentes;
- Mudança do hábito intestinal (constipação ou diarreia);
- Melhora total ou parcial da dor após evacuação;
- Distensão abdominal e flatulências.

Doença de Crohn

A Doença de Crohn é uma doença inflamatória crônica do intestino, que pode envolver toda a parede dos órgãos que ela afeta. Ainda não se sabe o que causa a doença de Crohn. 

Fatores de risco da Doença de Crohn
Acredita-se que pessoas predispostas a ter essa doença têm um determinado fator (como um vírus ou bactéria) que provoque uma resposta imunológica desregulada do organismo, que provoca inflamação do intestino, mesmo quando o agente causador já não está presente.

Outros fatores de risco também podem contribuir para o desenvolvimento da doença:

- Idade: essa doença desenvolve-se, geralmente, antes dos 30 anos mas pode ocorrer em qualquer idade;

- Histórico familiar: existe um aumento do risco de desenvolvimento de doença de Crohn quando familiares tiveram a doença;

- Tabaco: o tabaco é o principal fator de risco para a doença de Crohn que pode ser controlado. O tabaco associa-se também à gravidade da doença. Portanto, todas as pessoas com o diagnóstico de doença de Crohn devem parar de fumar;

- Local de residência : a doença é mais comum em indivíduos que residem em zonas urbanas de países industrializados.

Sintomas da Doença de Crohn

Como qualquer segmento do tubo digestivo pode ser afetado, os sintomas são variados. As queixas mais comuns são a diarreia, cólicas e a perda de peso.

Também podem ocorrer sintomas não relacionados com o aparelho digestivo, como dores nas articulações e lesões da pele.

Outras manifestações são lesões na região perianal, incluindo fissuras, fístulas e abcessos.

Colite Ulcerativa

A colite ulcerativa é uma doença inflamatória do intestino grosso ou cólon, que se caracteriza por inflamação e ulceração da camada mais superficial que reveste o interior do cólon.

Essa camada, chamada mucosa, fica inflamada e apresenta pequenas feridas na superfície, que podem sangrar. A mucosa inflamada produz ainda uma quantidade excessiva de lubrificante intestinal, que pode conter pus e sangue.

A colite ulcerativa pode afetar uma extensão variável de intestino grosso - desde apenas alguns centímetros do reto até todo o cólon. 

Fatores de risco da Colite Ulcerativa

Assim como a doença de Crohn, ainda não se sabe o que causa a colite ulcerosa, mas acredita-se que haja um determinado fator (como um vírus ou uma bactéria) que provoque uma resposta imunológica desregulada do organismo, o que provoca a inflamação do intestino, mesmo quando o agente causador já não está presente.

Alguns fatores genéticos poderão contribuir para um aumento do risco de desenvolvimento da doença. 

- Idade: essa doença se desenvolve, geralmente, antes dos 30 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade;

- Histórico familiar: existe um aumento do risco de desenvolvimento da colite ulcerosa em familiares de indivíduos com a doença.

Antigamente pensava-se que os hábitos alimentares, o stress e fatores emocionais podiam ser responsáveis pelo aparecimento da colite ulcerativa. Essa hipótese não se confirmou, mas o stress pode agravar os sintomas da doença.

Sintomas da Colite Ulcerativa

Os sintomas da colite ulcerosa podem variar de acordo com a gravidade e com a quantidade de intestino grosso afetado. Os sintomas mais frequentes são a diarreia com sangue, cólica e o desejo urgente de evacuar. Nos casos mais graves pode ocorrer, ainda, cansaço, perda de peso e febre.

Cálculos biliares

A vesícula biliar é um pequeno órgão que fica do lado direito do abdômen, abaixo do fígado, e é responsável pelo armazenamento dos líquidos digestivos que são libertados no intestino delgado durante a digestão.

Os cálculos biliares (“pedras” na vesícula biliar) são depósitos de líquidos digestivos “endurecidos” que se formam na vesícula.

Estes cálculos podem ser tão pequenos como sementes de uvas ou atingir o tamanho de bolas de golfe. Também podem ser únicos ou múltiplos. 

Fatores de risco dos Cálculos Biliares

Os cálculos se formam quando existe um desequilíbrio nos componentes da bílis. Outra das causas para a formação de cálculos é o mau funcionamento da vesícula, com um esvaziamento lento ou incompleto durante a digestão. 

Os principais fatores de risco são:

- Ser do sexo feminino;
- Idade superior a 60 anos;
- Excesso de peso/obesidade;
- Dieta pobre em fibras ou rica em colesterol;
- Gravidez;
- Histórico familiar de cálculo biliar;
- Diabetes;
- Perda de peso rápida;
- Uso de alguns medicamentos que reduzem o colesterol e medicamentos que contêm estrogênios.

Sintomas dos Cálculos Biliares

A maioria das pessoas com cálculos biliares não tem qualquer sintoma, mas se uma das “pedras” encravar no canal de drenagem da bílis, pode causar dor súbita e de intensidade crescente na região superior direita ou no centro do abdómen. Essa é a chamada cólica biliar, que é o único sintoma que, de fato, pode ser atribuído a essa doença e pode ser associada a dor na região dorsal entre as omoplatas ou dor no ombro direito.

Ufa! Hoje trouxemos bastante informação, não é? Fique de olho nos sinais e sintomas e sempre procure um médico para ter certeza do seu diagnóstico e indicar o tratamento adequado para o seu caso.

E lembre-se: nunca tome nenhum medicamento sem orientação profissional, ok?

 Acesse a campanha “Siga o Fluxo”: https://bit.ly/siga-o-fluxo-fazbem, uma iniciativa do FazBem e da AstraZeneca para você ficar mais informado sobre o refluxo e estar mais no controle da sua saúde e bem-estar.

 

 

Referências:
https://www.sped.pt/index.php/publico/o-que-e-a-gastrenterologia
https://www.sped.pt/index.php/publico/doencas-gastrenterologicas-mais-comuns/hernia-do-hiato
https://www.sped.pt/index.php/publico/doencas-gastrenterologicas-mais-comuns/doenca-do-refluxo-gastro-esofagico
https://www.sped.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1324
https://www.sped.pt/index.php/publico/doencas-gastrenterologicas-mais-comuns/ulcera-peptica
https://www.sped.pt/index.php/publico/doencas-gastrenterologicas-mais-comuns/doenca-de-crohn
https://www.sped.pt/index.php/publico/doencas-gastrenterologicas-mais-comuns/colite-ulcerosa
http://www.sbmdn.org.br/sindrome-do-intestino-irritavel-sii/
https://www.abcd.org.br/sobre-a-colite-ulcerativa/?gclid=EAIaIQobChMIwoft5Oyg7wIVEISRCh3hqwKAEAAYAiAAEgKGIfD_BwE
https://www.abcd.org.br/sobre-a-doenca-de-crohn/?utm_source=google&utm_medium=rp&utm_campaign=info_crohn&gclid=EAIaIQobChMIj7Shhu2g7wIViAqRCh0M5AwzEAAYASAAEgL3pvD_BwE
http://associacaopaulistamedicina.org.br/noticia/ministerio-da-saude-divulga-dados-sobre-mortes-por-doencas-gastrointestinais
https://www.hpbn.pt/noticias-e-eventos/noticias/s%C3%ADndrome-do-intestino-irrit%C3%A1vel-a-import%C3%A2ncia-de-uma-abordagem-individualizada/
BR-11897. Material destinado a pacientes. Mar/21