De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente existem mais de 415 milhões de pessoas com diabetes no mundo e estima-se que este número suba para 642 milhões em 2040.
O Brasil ocupa a quarta posição no ranking mundial de população com diabetes, com uma estimativa de aproximadamente 14 milhões de pessoas diagnosticadas com a doença, estando atrás apenas da China, Índia e Estados Unidos. Além disso, dados recentes apontam uma situação preocupante em nosso país: 90% dos indivíduos com diabetes tipo 1 e 73% daqueles com diabetes tipo 2 estão com a glicemia fora de controle.
O crescente número de diabéticos vem sendo atribuído ao estilo de vida moderno caracterizado pelo consumo elevado de alimentos calóricos, pelo sedentarismo e pelo aumento da prevalência de obesidade.
Confira aqui no FazBem dicas de como melhorar a sua qualidade de vida e manter a doença sob controle.
O diabetes é uma doença crônica na qual o organismo não é capaz de produzir a quantidade de insulina necessária para manter a glicose no sangue em níveis normais, sendo que, em alguns casos, a insulina também encontra dificuldade em exercer o seu efeito. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e sua principal função é promover o deslocamento da glicose sanguínea para o interior das células do corpo, onde ela será utilizada como fonte de energia.
Os defeitos de produção e ação da insulina levam a uma elevação da glicose sanguínea (hiperglicemia), a qual causa lesões em vasos sanguíneos de pequeno e grande calibre com consequente surgimento de complicações nos órgãos irrigados por esses vasos.
Entre as lesões mais comuns que acometem vasos pequenos, o paciente pode apresentar problemas na visão (retinopatia), nos rins (doença renal) e na inervação do corpo (neuropatia).
Já as complicações decorrentes de lesões nos vasos de grande calibre são representadas pelo infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e pelo comprometimento da circulação do sangue por obstrução dos vasos sanguíneos (doença vascular periférica).
Existem vários tipos de diabetes, sendo o diabetes tipo 1 e o tipo 2 os mais comuns.
O diabetes tipo 1 é causado por uma reação autoimune do nosso organismo na qual o sistema de defesa do corpo ataca as células pancreáticas que produzem a insulina. A doença é mais comum em crianças e adultos jovens.
Já o diabetes tipo 2 representa 90% de todos os casos da doença e caracteriza-se pela deficiência relativa que o paciente tem de produzir a insulina, associada à dificuldade deste hormônio em exercer a sua função, principalmente por conta da obesidade.
Outra variável importante é que o diabetes tipo 2 tem um componente hereditário que geralmente manifesta-se após os 40 anos, mas que tem aumentado em pessoas mais jovens devido ao crescente aumento de obesidade nesta faixa etária.
O diabetes gestacional acomete 1 em cada 20 gestantes e geralmente é transitório, ou seja, desaparece após o parto. Apesar disso, estima-se que metade das mulheres com histórico de diabetes gestacional venha a desenvolver diabetes tipo 2 em cinco ou dez anos após o parto.
Outros tipos de diabetes menos comuns são os causados por medicamentos ou por fatores genéticos.
De um modo geral, o diabetes é uma doença silenciosa. Quando a glicose sanguínea ultrapassa 250 mg/dl é possível que os pacientes apresentem alguns sintomas como o aumento do volume urinário, sede excessiva e perda de peso involuntária.
A hiperglicemia também pode incluir sintomas de cansaço, visão borrada e infecções por fungos na boca e órgãos genitais.
Além dos sintomas decorrentes da elevação da glicemia propriamente dita, existem também outras manifestações clínicas e consequências decorrentes das complicações crônicas do diabetes. Conheça algumas delas:
Complicações microvasculares
As complicações microvasculares ocorrem em partes do corpo irrigadas por pequenos vasos, como olhos, rins e nervos.
Retinopatia diabética (RD): é a principal causa de cegueira em adultos e pode se iniciar depois dos primeiros cinco anos do surgimento do diabetes, sobretudo quando a glicose sanguínea não está controlada. Quando detectada e tratada da maneira adequada, o risco de cegueira associado à RD é reduzido para menos de cinco por cento. Outras doenças oculares como catarata e glaucoma também podem se manifestar em pessoas com diabetes.
Doença renal do diabetes (DRD): entre 30 e 50% dos indivíduos com diabetes apresentam uma redução na capacidade de filtração dos rins e perda anormal de proteínas pela urina. A DRD também pode aumentar a chance do surgimento de insuficiência cardíaca e morte cardiovascular. Entre os sinais e sintomas mais comuns da DRD estão o aumento da pressão arterial e inchaços pelo corpo. Quando em estágios mais avançados nos quais a função renal torna-se insuficiente, os pacientes podem precisar realizar diálise ou transplante renal.
Neuropatia diabética (ND): entre 50 e 90% das pessoas com diabetes podem apresentar a ND, classificada em periférica e autonômica. Os principais sintomas da ND periférica são: perda de sensibilidade, sensação de formigamento e dor nos pés, pernas e mãos. Já a ND autonômica pode estar associada a problemas urinários, digestivos e cardiovasculares.
Complicações macrovasculares
As complicações macrovasculares ocorrem em partes do corpo irrigadas por vasos maiores, como coração, cérebro e membros inferiores.
Pessoas com diabetes têm risco duas vezes maior para infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral devido aos níveis elevados de glicose no sangue e também por conta de outros fatores de risco cardiovascular, tais como doenças do colesterol, pressão alta e obesidade.
Já as doenças vasculares periféricas (DVP) são até oito vezes mais frequentes em indivíduos com diabetes. Para se ter uma ideia, a associação da DVP com a ND periférica é responsável por cerca de 60 mil amputações por ano nos Estados Unidos.
O surgimento do diabetes tipo 1 está associado à predisposição genética e a um componente autoimune, sendo que outros fatores de risco ainda estão sendo pesquisados, tais como o histórico familiar e a exposição a algumas infecções virais.
Já os fatores de risco para o diabetes tipo 2 são bem estabelecidos. Portanto, fique atento à regularidade em consultas médicas e exames periódicos caso apresente pelo menos um dos fatores de risco abaixo:
O diagnóstico de diabetes é realizado através de exames de sangue e os parâmetros usados como base para a detecção da doença são: a medição da glicemia de jejum, na medição duas horas após a sobrecarga de 75 gramas de glicose no teste de tolerância oral à glicose (TTOG), além do exame de hemoglobina glicada (HbA1c) e de glicemia ao acaso, quando há a presença de sinais de diabetes descompensado. Confira os valores de referência que indicam a doença:
Observações:
A HbA1c representa a média do controle glicêmico nos 60-80 dias anteriores à realização do exame.
O diagnóstico de diabetes deve sempre ser confirmado pela repetição do exame em outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequívoca na presença de sintomas de diabetes descompensado.
Para realizar o diagnóstico de pré-diabetes, são utilizados os seguintes valores de referência:
Para indivíduos adultos que já sabem ter a doença, a Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda glicemia de jejum < 100 mg/dl, glicemia 2 horas após a refeição < 160 mg/dl e HbA1c < 7%.
Além disso, outros exames e avaliações devem servir de acompanhamento da doença, tais como:
O seu médico deve estar atento também a outras dosagens no sangue, tais como os de colesterol e frações, triglicérides, creatinina (para avaliação do funcionamento dos rins), TGO e TGP (para pesquisa de lesão do fígado), sendo que a realização de exames mais específicos dependerá da análise do médico de acordo com a necessidade de cada paciente.
Até o presente momento, não há como prevenir o surgimento do diabetes tipo 1 e os fatores de risco que promovem a destruição das células do pâncreas produtoras de insulina ainda estão sob investigação.
No caso do diabetes tipo 2, a forma mais eficaz de prevenção é a mudança no estilo de vida, adotando hábitos alimentares mais saudáveis e praticando exercícios físicos regularmente.
Recentemente, a Federação Internacional de Diabetes publicou algumas dicas de alimentação para a prevenção de diabetes tipo 2. Confira abaixo:
Quanto aos exercícios físicos, a prática de pelo menos 150 minutos por semana, já auxiliam no tratamento do diabetes porque aumenta o gasto energético e auxilia na manutenção da massa muscular e no controle da compulsão alimentar, prevenindo o ganho de peso e tratamento da obesidade, assim como a estabilização do colesterol e pressão alta.
Os indivíduos com pré-diabetes têm um risco aumentado para o surgimento de diabetes tipo 2. Por isso, além das mudanças de estilo de vida, o médico pode julgar necessário o uso de algum medicamento para evitar o aumento progressivo da glicose sanguínea.
Independentemente do tipo, o tratamento do diabetes deve ser individualizado e respeitando as características, necessidades e preferências de cada paciente no que se refere à dieta, exercícios e medicamentos. Confira algumas dicas do FazBem para lidar com a doença:
Em linhas gerais, os pacientes devem receber orientações sobre macro nutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e micro nutrientes (vitaminas, fibras e sais minerais).
No caso de portadores de diabetes tipo 2, em sua maioria, deve-se evitar o consumo de carboidratos e alimentos calóricos que provocam aumento súbito da glicose sanguínea, uma vez que 85% desses pacientes encontram-se acima do peso e também precisam emagrecer.
Como a orientação alimentar deve ser individualizada, sempre que possível, procure um profissional da área de nutrição para realizar o controle adequado dos alimentos que comporão sua dieta.
Os medicamentos para o tratamento do diabetes incluem as insulinas e agentes antidiabéticos representados por comprimidos e fármacos injetáveis diferentes da insulina.
Apenas o médico poderá prescrever um medicamento com as orientações adequadas sobre a sua eficácia e segurança.
Educação em Diabetes
Todos os pacientes quando bem informados podem se prevenir de complicações agudas e crônicas. Veja abaixo alguns itens que não podem faltar no processo de educação em diabetes:
Por outro lado, o diabetes tipo 2 pode ser evitado e a forma mais eficaz de prevenção reside nas mudanças de estilo de vida. Essas mudanças incluem a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis e a prática regular de exercícios físicos, sendo que essas medidas em conjunto visam também prevenir o sobrepeso e a obesidade.
Recentemente, a Federação Internacional de Diabetes publicou algumas dicas de alimentação para a prevenção de diabetes tipo 2. Confira!
O número de consultas e a realização de exames podem variar de duas a quatro vezes por ano, dependendo da necessidade de cada paciente.
Ao visitar o seu médico, procure sempre levar o monitor de glicose e seus registros de glicemia para que ele possa avaliar se você está monitorando a doença corretamente.
Além disso, mantenha sempre em mãos as medicações que está usando, levando consigo as doses e os horários habituais da administração dos medicamentos, por exemplo.
[1] IDF, atlas 7th edition http://www.diabetesatlas.org
[2] SBD Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016) / Adolfo Milech...[et. al.]; organizac¸a~o Jose´ Egidio Paulo de Oliveira, Se´rgio Vencio - Sa~o Paulo: A.C. Farmace^utica, 2016.
[3] American Diabetes Association. Standards of Medical Care in Diabetes - 2017. Diabetes Care. 2017. Disponi´vel em: http://professional.diabetes.org/sites/ professional.diabetes.org/files/media/dc_40_s1_final. pdf. Acesso em 09 de janeiro de 2017.
[4] Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2016. ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndroe Metabólica – 4 ed – São Paulo, SP.
[5] http://www.diabetes.org.br/publico/vivendo-com-diabetes/mitos-e-verdades